NÃO FOSSE O MEDO

Não fosse o medo
de perder tudo o que amo,
gostaria de morrer meu corpo
de uma morte mansa
como o simples abandono
da gota de orvalho a se esvair
na pétala da rosa.
Ou, então, morrer
como o prazer
que se desmancha em teu corpo
num meigo orgasmo consentido.

Não fosse o medo,
gostaria de refazer contigo
a simbiose
que permanece tatuada
em cada célula do meu corpo.

Não fosse o medo,
gostaria de perder a memória
de todos os amores desfeitos
e me entregar a ti por inteiro
como a última criação
do poeta.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 13/09/2012
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