Das trevas.
Do medo cuja sombra se enovela,
Silêncios dos instintos dissidentes;
Da culpa que não salva os inocentes
E o gesto de insensato, se rebela.
Do corpo suplicante e penitente
Lacrado num limite que o congela
Vê no olhar da furtiva sentinela,
Perdido crendo em tudo indiferente.
Viver naturalmente desespera
— Espelhos saturados de defeitos —
Um rosto na ilusão mais que sincera
Busca o rumo no impulso do imperfeito
O corpo, mesmo são, acolhe a fera
Nas trevas, coração arrasa o peito.