PÉTALA
Quando esmoreço, quando caio,
quando me dilacero e me fragmento,
abaixo os olhos e no pó do chão
junto meus pedaços.
São pedaços de nuvens e de sonhos,
de tristeza e de dor,
de esperança, de bravura, de desamor.
Com eles preparo uma mulher nova,
que é mais forte e mais terna,
que é mais livre e mais consciente.
Com esses retalhos, pétalas destacadas de mim,
fabrico um outro ser, metade brisa, metade orvalho.
Porque sou uma e sou muitas, sou o universo e sou minudências,
e amanhã, se caio, recolho outras pétalas
e faço com elas uma outra flor.
É isso que sou,
sujeita que estou a percalços e a quedas.
É isso que és,
todos os dias velho, todos os dias novo,
com a fronte para a frente e com os olhos para o céu.
Buscando a luz!