Fosse...
Fosse a vida um barco
para levar-me mar afora
Fosse a vida o vento
para encher as velas dessa embarcação...
Tivesse eu tempo
de viajar em todos os ventos
que estufam as velas
da minha imaginação...
Tivesse a vida vontade
de me dar esse presente!
Tivesse a vida presente
o quanto eu o desejo...
Fosse a vida o meu desejo
e eu, de contente, talvez morresse!
Fosse a vida minha companheira
fosse ela minha amiga
tivesse eu a vida inteira
ao dispor deste desejo sem fadiga!
Fosse o meu desejo a viagem
fosse ele a perdição...
Pois sou eu um pobre sem linhagem
procurando sonhos
e encontrando a rendição!
Fosse eu Vinícius, Neruda, Pessoa ou Bandeira
Fosse eu artista das artes da confusão
confundisse eu esta luta sem trincheira
onde as letras matam por emoção...
Fosse eu aquilo que não sou
Fosse a minha vida aquilo que não é
Saberia eu para onde vou
Saberia a vida o que é perder a fé...