Por vezes

Por vezes se sente saudade,

Saudade do beijo,

Do toque,

Dos olhos faceiros.

Por vezes me calo com medo,

Calo a língua,

Língua-víbora,

Língua-víscera,

Língua-palavra-viva.

Por vezes caem no chão

Olhares

Olhos-faróis,

Olhos-janelas,

Olhos mordazes fontes

Do delírio.

Por vezes me resta o não

O não-agulha,

O não-punhal,

O não cravejado de letras

O não que frustra o desejo.

Mas nunca sobra o lampejo

O sorriso aberto,

Sorriso a metro,

O sorriso que precede o beijo,

Por vezes se sente saudades,

Saudades daqueles anseios

Dos seios,

Dos olhos,

Desejos,

Emudeço...

Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2012.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 10/09/2012
Código do texto: T3875651
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