CENTRÍFUGA

A água vem caindo

Nos inundando de sua acidez

Nos molha

Nos encharca

Construindo uma couraça para nossa nudez

Ela vem cheia de resíduos

Olhos nos defeitos alheios

Mágoas de um passado distante

Displicência de um amigo querido

Recheando a vida de infinitos anseios

Quando não se aguenta mais

De tando peso que a água traz

Só nos resta tirar o exemplo que a máquina faz

Põe na centrífuga e é zaz traz

Balança-se muito

Roda e roda

Parece um bem fortuito

Somente algo que está na moda

Mas da centrífuga

Saímos secos

Isso não é uma fuga

É somente sairmos dos becos

E nos dirigir para outra rua

Com flores e arabescos

Desta vez usando guarda chuva

Para não nos tornarmos vesgos

Perante a delícia do esvoaçar de uma pluma

Alma Collins
Enviado por Alma Collins em 20/02/2007
Código do texto: T387459