A vida distante, a morte perto,
o deserto e a solidão, tudo cansa.
Cansa essa tristeza não fictícia,
e trazer essa alegria sub-reptícia.
Nem é tanto a idade, mas a saudade,
a agonia de uma dor que não descansa.
E nem chega a ser assim paz de verdade,
talvez uma ira que nem o silêncio amansa.

Eu podia estar morto, mas estou passado.
Eu podia estar triste, mas estou cansado.

A um só tempo o grito e a quietude,
o dizer e o calar, o gozar e o sofrer,
ou a efemeridade ou a infinitude,
o que não é viver no que não é morrer,
esquecer de tudo quanto tudo deve ser,
mudar o olhar a tempo, antes que tudo mude.

E o amor que sempre faz das suas
e acha de me aparecer assim do nada,
clamando do mais fundo deste silêncio,
deixando um grito entalado aqui no peito...

E, depois disso, nada mais no pensamento,
a um só tempo, o nó no peito
e esse grande contentamento...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 08/09/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3872202
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