PRELÚDIO DA SOLIDÃO
Quando nos bastava apenas um sorriso,
na hora em que um olhar tornou-se tão preciso,
quando no ensejo nada mais se explica,
quando um simples beijo passa a ser relíquia.
Quando a gente implora por um gesto apenas,
enquando decora palavras amenas,
quando uma canção torna-se nosso tema,
quando um simples verso vira um teorema.
Quando um parco abraço ilumina a alma,
e um afago inunda toda a nossa calma,
quando uma lembrança enfim nos embriaga,
e um fio de esperança qualquer coisa traga.
Quando no silêncio ecoa o próprio grito,
e um ombro amigo é maior que o infinito,
quando escorre a lágrima e por ironia,
a boca reclama um pouco de euforia.
Quando o que se sente já não faz sentido,
e qualquer murmúrio torna-se um alarido,
quando num instante tudo desentoa,
e nossa voz somente no universo ecoa.
quando a luz se apaga na sala vazia
e a noite se entrega ao clarão do dia,
quando a gente sonha de olho entreaberto,
e acorda tristonho, sem ninguém por perto.
Quando nada mais resta, ao acabar a festa,
quando fecha-se a cortina e a ilusão termina,
quando vem o tédio, quando vem a dor,
quando o coração pede, um pouco mais de amor.
É nesse momento que sempre te chamo,
e na tua ausência repito: te amo.
Saulo Campos- Itabira MG