Futuro próximo
Sentada à sombra
Do coração,
Mergulho as mãos
Sobre as águas do Rio Negro,
Lavo meu rosto
Nas curvas do teu corpo
Num grito sufocado...
Grita a alma o medo do futuro!
Ah! Princesa negra das águas!
Solimões vertiginosa
Perigo assombrando as águas!
E morto está o Rio Tietê
Poluído sob céu de puro gris
O Brasil ido, caído--
E o mundo não me cai exato,
Nem a palavra o encaixe,
E indiferentes às horas consomem...
Cimentados corações que transbordam
A margem dos rios
E estamos condenados a ver
Na linguagem que revê
A beleza antes presente
Ausente, sem som...
Nem a figura se assemelha
Painel que nada recorda
A carruagem ao longe
Alguns bocados de silêncio
O homem a velha sina,
Violando pássaro, água e ar
E no ante desejo afogam-se palavras
O céu se contrai
Na escassa água
Movimentos parciais
Invejado mundo de outrora
E sigo sem contornar
As paredes do céu a minha volta
E o ponto de partida revi
Orgasmos de íris
Paralelos azuis
Na boca que consome
Suor a teu lado.
-- Ludiro e Magaly