Futuro próximo

Sentada à sombra

Do coração,

Mergulho as mãos

Sobre as águas do Rio Negro,

Lavo meu rosto

Nas curvas do teu corpo

Num grito sufocado...

Grita a alma o medo do futuro!

Ah! Princesa negra das águas!

Solimões vertiginosa

Perigo assombrando as águas!

E morto está o Rio Tietê

Poluído sob céu de puro gris

O Brasil ido, caído--

E o mundo não me cai exato,

Nem a palavra o encaixe,

E indiferentes às horas consomem...

Cimentados corações que transbordam

A margem dos rios

E estamos condenados a ver

Na linguagem que revê

A beleza antes presente

Ausente, sem som...

Nem a figura se assemelha

Painel que nada recorda

A carruagem ao longe

Alguns bocados de silêncio

O homem a velha sina,

Violando pássaro, água e ar

E no ante desejo afogam-se palavras

O céu se contrai

Na escassa água

Movimentos parciais

Invejado mundo de outrora

E sigo sem contornar

As paredes do céu a minha volta

E o ponto de partida revi

Orgasmos de íris

Paralelos azuis

Na boca que consome

Suor a teu lado.

-- Ludiro e Magaly

Ludiro
Enviado por Ludiro em 20/02/2007
Código do texto: T387127
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.