Mocinho, o doido
A sua sina de louco bonachão
era andar a pé pela estrada
de Belém a São Luís do Maranhão
para depois voltar no mesmo rastro
era sua interminável excursão.
Enquanto caminhava
discursava e contava muitos causos
para uma plateia imaginária
que tinha que ouvir bem comportada
caso contrário ele se zangava.
As palavras eram bem desencontradas
coisa-com-coisa não era o seu forte.
Mas por trás da expressão do sem-sentido
o gestual era extraordinário.
O bodum ou o fartum o anunciavam
quando ele estava nas paragens
carregando seu enorme matulão.
E a sua estranha ficção
não tinha hora própria nem lugar
para explodir em alegre algaravia
que eu, menino, nada entendia
mas gostava de ouvir – me divertia!