Uma Alma Doente (12 Passos dos Alcoólicos Anônimos)
I
Olá, espelho meu velho amigo
Envelheci alguns anos adiante,
Estivestes aqui junto comigo,
Em cada momento angustiante
Já não reconheço essa imagem
Refletida diante da tua luz,
Faltou-me a fé, luta e a coragem
Quando essa fraqueza expus.
A barba malfeita é o indício
De que perdi todo meu orgulho
Beijando a compulsão do vício
Caído em um constante mergulho
As pálpebras pesadas doem,
Minha insônia há tempos perdura
Os dias, meses, anos correm,
Diante desta realidade tão dura!
Agora sinto o corpo sacudir,
O demônio sentado ao meu ombro
Tenta ludibriar e me seduzir
Neste seu maquiavélico assombro
Ouço as vozes debatendo na mente
Sussurram suas idolatrias,
Elas gritam em meu subconsciente,
Em suas dolorosas fantasias!
Vejam a minha alma vai morrendo
Criando seu único círculo vicioso
Na lenta angústia vou padecendo
Diante do monstro poderoso!