::: Poema da manhã :::
Deixo as lembranças soltas no ar
E rasgos nas fotografias
Espalho pelo chão de vento
O que restou daquela poesia.
Quero antes chorar minhas dores
Por um dia longo e inteiro
Mas depois viver todas as cores
De janeiro a janeiro.
E beijar em um céu infinito
Um pouco do sorriso lunar
Que aos poucos me possui
Num simples e sincero versejar.
Rendo-me nesse momento exato
Desarmo meu coração enfurecido
Vejo a vida de um outro panorama
Mais incerto e colorido.
E olhares na ociosidade humana
Que desmentem verdades inteiras
Essas coisas que dizemos sem saber
Ou por pensar ser brincadeira.
Na verdade, o mundo é covarde
Jamais soube o que é sonhar
Se eu sou tão imperfeita assim
É porque não desisti de acreditar.
Viro a página, rasgo o verbo
Coloco um ponto final neste fim
Que pensa ser racional
Não pra mim.