DEMÃOS
          ®Lílian Maial


 
A poesia das mãos tem cheiro de conforto.
Doce olhar de cuidado, poder de cura, milagre.
Pensar o corpo no anseio da visita do aconchego,
quando as dores se encolhem,
o medo se esvai, a febre cede ao sorriso.
Aquele velho gosto de abandono
se dissolve no sabor da doação,
como serpente amiga, sinuosa e lenta,
sem pretensão da pressa,
que apenas arrasta sua sina.
O amor tem poesia em versos tortos,
cegueira de vendas perfumadas,
luz que se observa na distância.
Como saber, de nascença,
o dom de acalentar desolhares.

 
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