VIDA
E enfim findaram-se tardias as noites sombrias
Pois minh’alma vazia enchera-se de ti,
Tornando sábias as frases baldias
Que o tempo fazia-me aos berros exibir...
Falava sagaz que ninguém era capaz de fazer-me apaixonar,
Dizendo contente que o amor não era valente,
Nem tampouco suficiente para minh’alma domar...
Cantava irônico de um amor afônico que queria brotar
E falava de amor sem sentir o ardor que pairava no ar...
Sentia-te tão perto, mas sempre tão certo, não sabia te amar...
Agora contente. Nem um pouco valente, entrego-me a dor,
E canto aos berros o amor que a ferros minh’alma alcançou,
E meio discreto deixo concreto o amor que me transformou.
E conto ao mundo do que a fundo minha vida mudou...
E relevo-me aqui,
Pois sei que a ti,
Cabe o êxito do meu novo eu...
Replantando em mim o amor que por ti, há muito nasceu...
Falando do meu eu, que não é mais meu.
E que por êxito teu, se pôs a mudar,
Entrego-te minh’alma, que agora com mui calma,
Sei que também há de melhorar...
E digo contente que agora valente sou capaz de sonhar,
Pois replanto na vida a semente do amor que se pôs a germinar,
E volto-me a ti, só que agora bem leal,
E entrego-te meu amor, pois amar-te, é da vida o mais real.