O poema não me enche
O poeta,
quando escreve,
sai à rua, cheio de si
gaba-se do feito.
Na esquina
vazio em mim,
há gente com fome
e não aceito.
O poema, propriedade coletiva,
fosse outrora comestível
o poeta
- justiça feita -
o daria como pão.
O poema, não comestível,
sem serventia
se o poeta,
ao humano,
não mostrar a contradição.
Porque o poema,
se alimenta
o espírito
o ego
de quem o fez
criação,
o poeta
quer ser lido
sair à rua
encher a si
mas primeiro
quer o pão.