O poema não me enche

O poeta,

quando escreve,

sai à rua, cheio de si

gaba-se do feito.

Na esquina

vazio em mim,

há gente com fome

e não aceito.

O poema, propriedade coletiva,

fosse outrora comestível

o poeta

- justiça feita -

o daria como pão.

O poema, não comestível,

sem serventia

se o poeta,

ao humano,

não mostrar a contradição.

Porque o poema,

se alimenta

o espírito

o ego

de quem o fez

criação,

o poeta

quer ser lido

sair à rua

encher a si

mas primeiro

quer o pão.

LRC
Enviado por LRC em 04/09/2012
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