CIDADEZINHA
Para: Passagem de Mariana, Mariana MG
MInha cidade é uma rua que desce
e outra rua que sobe.
É azeda, doce.
É barro, argila, é pedra boa de se apoiar.
Minha cidade é assim, cheia de
doloridos tons de abandono e acolhimento.
É reza comprida, broa boa de fubá.
Ladeiras, ladainhas, casarões à direita
de fino trato a enfeitar.
Minha cidade vive a roer os ossos da memória,
rimando a saudade que pulsa nos poros,
de lapidados olhos à noite ao luar.
Ah! Minha cidade!
Minha cidade é assim.
É moça, é menina, é pedra bruta,
sol quentinho, brilhante vivo no olhar.
Lá, posso juntar meus pedaços
feito o velho vaso quebrado,
onde ninguém me mata,
e acho que lá não morreria,
porque penduro minhas dores
nos varais e nos quintais de todo dia.
n a minha cidade, as janelas falam,
contam lorotas, riem do homem e da menina sinhá.
E quando o vento é frio, abro os braços
e me misturo as estrelas, voo feito papel picado,
por entre as montanhas a me enfeitar.
Ela é a ruazinha que desce
e a ruazinha que sobe.
É a minha casa, a minha morada.
Minha cidade é o meu altar...