DOS SUSPIROS DO HOMEM
DOS SUSPIROS DO HOMEM
Na cama, os caminhos se polifurcam
Em uma noite de sábado
Com tanta vida correndo
Lá fora
Com tanta gente morrendo
Agora
Eu, após morrer três horas
(sempre renegando a essa
Morte indolorosa)
Me vejo ressuscitado,
Acordando
Já são vinte e duas horas.
No sábado de cansaço acumulado
Pela estafante e inglória
Luta pelo pão
Pela vã tentativa semanal
De largar o fumo
Me vejo arriado na cama
Soltando suspiros profundos
Nicotinados e imundos
De lamento humano e infecundo
Um homem se carrega
por onde vai, com seus suspiros
na noite tv esportiva
de cansaço inusitado
sinto-me novo ser
diferente e mudado:
eu, que vivia de passados
tenho agora esperanças.
Nada, nunca, eu sei, será mudado
Nem espero, com a mudança
Reservar lugar no céu
Nunca mais serei como era
Quando criança
Desimporta o resto.
O suspiro esperançoso
D´agora
Os suspiros passados
De há pouco
Os suspiros de impotência
Dos sábios
Os suspiros de alegria
Dos loucos
O suspiro de resignação
Dos fracos...
De fato, o homem se mede
Pelos suspiros dados.