Sob o Olhar da Penitência*
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo / O amor na Humanidade é uma mentira. / E é por isto que na minha lira / De amores fúteis poucas vezes falo. (Augusto dos Anjos)
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Veja meus olhos sombrios
Distante dos arrepios do amor:
É chaga que vem com a idade
São rugas sem caridade
Em tempo de desamor;
Cruze seu olhar com o meu
No cansaço da madrugada:
É elo que se quebra com a luz
Fogo que não mais reluz
Aos encantos duma luarada;
Esqueçamos nosso passado
Que não mais resplandece euforia:
Somos cinza que não mais rejuvenesce
Somos água que na poça padece
Na saudade de cada dia;
Vivemos no tempo da penitência
Sob o olhar da nostalgia...
(Site: Poetasdopiaui - A Batalha das Rosas)