CÂNTICO A NAÇÃO
Te ver deitado neste berço mórbido
Me estilhaça meu Brasil o coração
Me ajunto aqueles que perplexos se encolhem
Ante a infâmia que enodoa-te o brasão
Pra que lembrar a retumbância de um brado...
Se a eclipse da vergonha quer teu sol?
Onde se vê no clamor de um só letargo
A covardia espraiar em teu lençol?
Teus raios fúlgidos, na verdade já fugiram
E o céu da pátria se sujou de lama densa
Pois a política meu País com que te guiam
Só de desgraças afiança nossas crenças
Pelo penhor de uma igualdade prometida
Os emigrantes abandonam teus sertões
Levam nas malas a esperança de mil vidas
Pra semearem no jardim de outras nações
De que valem braços fortes em mentes fracas
Se a liberdade não conhece mais limites...?
Só prolifera na exploração dos velhacos
E só respeita o engodo da elite...
No esplendor de teu berço inda flutua
A imagem conspurcada do cruzeiro
Que de real transformou-se em falcatrua
De luxo a lixo engorda a conta dos doleiros
A própria vida em oferta é pouco ainda
Para salvar um gigante da miséria
Este é um futuro que dormiu num sonho lindo
Pra despertar na mais remota das quimeras
Os nossos bosques que em teu seio foram um dia
O espelho intenso de suas flores e verdes mares
Hoje reflete a imagem nua da agonia
Num céu manchado por centenas de pesares
E de eterno só restaram as esperanças
No verde louro de uma flâmula enferrujada
A paz na vida virou sonho de criança
E os nossos sonhos,uma vida abortada!!!