Onde Estás?
É quase noite
Na palidez do horizonte
As mãos desatam-se
Ignorando o silêncio
E escrevem a tua falta
A mesma palavra incontida,
Inadiável, urgente e apenas tua:
Saudade
Não diria nada
Não fosse a voz
Desta tua ausência
Acordando-me as letras
Tudo se anuncia
Na ânsia da invocação
Soubesse as frases sutis
Que repousas em teus lábios
E que furtivas silenciam-me
Enredo-me nas palavras
Nos fios de cada sílaba
Que te tecem no horizonte
Fazendo do teu nome
A linha das minhas mãos
E vago, vôo sem retorno
Ao meu único destino possível
Onde me alças o pensar
E me roubas de mim
Na nudez do meu olhar
Despertam dias e noites
Espetáculo vão
Para os meus olhos
Perdidos entre lembranças
Retrovisores do tempo
Onde estás
Que não me alcanças?
Para que me servem
Todas estas palavras?
Derrama-se em meus lábios
Um mar de indagações
Hoje queria apenas teus olhares
Para que finalmente te encontrasses
No espelho dos meus olhos...
Fernanda Guimarães
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