POEMA DA DESPEDIDA (A PARTIDA)
Estou hoje entregue,
totalmente entregue,
aos meus devaneios
Rabisco sobre o branco papel,
pensamentos desconexos
de mim e do mundo
Mundo que habito
e não me reconheço
Ora, os melancólicos,
os sonhadores e os poetas
Salvam-me!
Salvam-me agora
antes que a água transborde
Salvam-se antes do pôr do sol,
e, eu, totalmente entregue,
e sem planos,
possa esperar a noite e a lua
Nada mais interessa
quando ao fim da estrada
e feita as contas,
se saiba que tudo valeu a pena
Um sonho,
apenas um sonho,
talvez, ainda resta
Porém, às portas da fronteira,
o que ficou não se realizará,
mas que apenas fique o sonho
e a certeza que outros dele sonharam
Então, chegada a hora da travessia,
um nada de tristeza e um coração
carregado de alegrias