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Criador e criatura!!
Uma sobeja noite, uma lauta lua,
Prenúncios de demasiada alegria.
Espero tua vinda, esbelta e pura,
Para acolher-te em gloriosa harmonia.
Dúvidas tenho. Desejar-me-ias?
O porvir dirimirá muitas conjecturas.
Espero que me queiras, sem aleivosias,
Sem atrasos, sem infundadas escusas.
És a morte? Pois a muito te espero!
Não arrede seus pés macabros desta cercania.
Chamei-te e confirmo o meu credo,
Exijo que inicies a necrosada sinfonia.
Sou teu servo de profissão, minha querida,
Um assassino que te nutre idolatria,
Muitas almas que aportaram por aí, duvidas?
Foram por mim imoladas, em tua serventia.
A morte, com indisfarçada alegria,
Diante te tamanha devoção manifestada,
Abriu as asas e arremessou-se, enaltecida,
Mal sabe que será ela a vitimada.
O servo lança as garras, aprofunda,
O anjo da morte, surpreso, desatina.
Força do hábito, dirá a ditosa criatura,
A morte criadora chora, evidente ironia.
Oh meu servo, eu bem sabia!
Não podia contigo a guarda abrandar,
Teus gracejos me abalaram a estima,
A morte é narcisa, basta bajular.
Soubesse a morte mais da vida,
Evitaria tão indecorosa compostura.
Teria ciência que o criador, é a sina,
Morre pelas cândidas mãos
da sua criatura!!!