RELÍQUIA DE MENESTREL
Hoje uma borboleta voou tranquila no meu quintal,
fazia tempos que eu não via um bichinho desses, que bichinho lindo.
Pousou na flor da laranjeira que na primavera estava se abrindo.
Mas a borboleta ficou solitária, não vi mais nenhuma em toda a estação.
Não vi abelhas fazendo mel, nem ouvi passarinho cantar.
Borboleta, borboleta, pra que tanto arranha-céu, se você só queria voar.
Borboleta se eu alçasse voo, juro que te ensinava a cantar.
Mas você insiste que deve voar, livre pelo céu.
Vá bichinho, vá voando, finge que o mundo inteiro é seu vergel.
Vá voando, vá bichinho, enquanto eu me iludo que sou menestrel.
Saulo Campos