NA TERRA DOS VENTOS

Na terra dos ventos ouço as novidades

Os dados da noite já rolam no veludo escuro

Apostas perdidas...

Ambições naufragadas

Na noite da lua sibila o futuro

De aspecto batido e roto ele aproxima-se

Esta cansado...

Nasceu velho

Já vai morrer

Nos mares deste lugar singram caravelas lúgubres

Esquadras escuras avançam sem sonhos

Sem descobertas...

Nenhum novo mundo a encontrar

Nas sombras das matas ocultam-se velhos terrores

Os medos saltitando nas galhadas retorcidas

A fome se espraiando na cidade sombria

A dor acena eufórica para todos

Seu dia nasceu

Nos casebres das aldeias apagam-se as lamparinas

Os vestígios da luz restam mortiços

Bruxuleantes

Trevas nas portas

E fechaduras robustas

Que o que esta dentro permaneça

E o que ronda lá fora não entre

Na terra dos ventos ouço sussurros contidos

Vejo pessoas caladas

O sol ainda não surgi-o

O dia ainda não nasceu

Olhos úmidos e mãos tremulas as crianças fitam o céu inclemente e sem estrelas

Será que a noite acaba?

Será?

Na terra dos ventos ouço as novidades.