Feitiço da Lua

Olho a lua,

uivando paradoxos

calando constelações

que não se encontram

o Caçador e o Escorpião.

Olho a lua,

e a luneta companheira

e as montanhas vivas

e uma velha estrela

em buraco-negro devorador.

Olho a lua,

mirando a rua

via ampla e láctea

dançando universos

esperando a próxima colisão.

Olho a lua,

e vejo a alma

minh’alma fundida

aos átomos e luzes

estraçalhando cometas.

Olho a lua,

e vejo a poesia

e vejo sonhos

vejo supernovas

em bailados cósmicos.

Olho a lua,

e é recíproco

é encanto e silêncio

e as nuvens escondem a timidez

dessa donzela merencória e prateada.

Olho a lua,

e a noite padece

e o dia renasce

e as flores desabrocham

e meus olhos adormecem.