Brados Ignorados

Que o sangue que agora em mim seca

Signifique a vida que tive: seca

De respostas, que exigi

A úmidos brados

Todos ignorados.

Que pelo buraco por onde vazo

Assome todo vosso descaso

E leve honrarias

Às porcarias

Das minhas desonras.

E que as clemências que foram em vão

Estão todas transmutadas

No cadáver que jaz no chão.

Que percebam que fui acossado

Com minhas diatribes anuladas

Dia após dia sendo

Reduzidas ao nada.

Que percebam que aqui

Morto, neste chão imundo,

Apenas justifico a maldição

Do fórceps que me trouxe ao mundo:

Nascer para morrer.

28/08/2012 - 21h45m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 28/08/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3854154
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