Brados Ignorados
Que o sangue que agora em mim seca
Signifique a vida que tive: seca
De respostas, que exigi
A úmidos brados
Todos ignorados.
Que pelo buraco por onde vazo
Assome todo vosso descaso
E leve honrarias
Às porcarias
Das minhas desonras.
E que as clemências que foram em vão
Estão todas transmutadas
No cadáver que jaz no chão.
Que percebam que fui acossado
Com minhas diatribes anuladas
Dia após dia sendo
Reduzidas ao nada.
Que percebam que aqui
Morto, neste chão imundo,
Apenas justifico a maldição
Do fórceps que me trouxe ao mundo:
Nascer para morrer.
28/08/2012 - 21h45m