O outro eu.
Preciso escrever porque pulsa em mim
O sangue de outro homem...
O deleitar nos seios de amor sem fim
De uma jovem que tempo e iniquidade comem...
Ser um profundo sentimental
Amante das ninfas que nenhum homem jamais...
E chorar em versos sem o sal
E o tempero que a vida não dá mais.
Quem sou, para que escrevo aqui?
O que sou e quem é esse outro homem?
Eis que as respostas dizem: o caminho é daqui
Para onde os ventos zumbem
Uma lágrima de uma donzela
Que perdeu seu cavaleiro em batalha.
Eis meu instinto aventureiro e por ela
Chorarei em mortalha...
As respostas para as tuas perguntas - diz a Musa
-São respostas em enigma!
Se não sabes, não pergunta, usa
O que te fiz como resposta: um estigma.
Pois a dor e a melancolia são teus guias,
Mas não te esqueces do amor à fantasia!
Sem deixar de amar à lira que copia
O canto de teus versos em histeria...
Eis que achei quem é o outro homem.
É digno desta resposta, pois alcançou
O que jamais vou alcançar, pois o que ele faz consomem
As vistas de todos os que dizem o que soou
Como a melhor poesia, a melhor fantasia!
Esse homem não sou eu nem carne como esta,
Mas outro que digo com alegria,
Pois esse homem é poeta.