::::Moreno::::

Tinha no olhar uma negritude

Parar de olhá-lo? Não pude...

Seus olhos contavam segredos

Dessas noites seladas de sonhos

Dizia-me, solitário e tristonho...

"-Não, não durmo, tenho medo.

Quando o sol amanhece no céu

...Começo a colocar no papel

Os sonhos que, tremendo, sonhei

Por favor moça, não chores assim

Olhe, suspire, sem pena de mim

Do destino? Perdoe-me, não sei"

Eu fiquei a olhá-lo, sereno

Na morbidez de seu rosto moreno

Um suspiro em seus lábios soprou

Na doce noite de meus sonhos de saudade

Lembrei-me, então, de sua mocidade

Que a morte, em silêncio, levou

Fica aqui um relato imperfeito

Os suspiros que arquejaram em seu peito

Das poesias de um menino aprendiz

Que cantou os seus cantos solitários

Sabiá pequeno e seus tantos cenários

Que a vida fez o que bem quis.

*Inspirada nas obras de Alvares de Azevedo.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 28/08/2012
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