::::Moreno::::
Tinha no olhar uma negritude
Parar de olhá-lo? Não pude...
Seus olhos contavam segredos
Dessas noites seladas de sonhos
Dizia-me, solitário e tristonho...
"-Não, não durmo, tenho medo.
Quando o sol amanhece no céu
...Começo a colocar no papel
Os sonhos que, tremendo, sonhei
Por favor moça, não chores assim
Olhe, suspire, sem pena de mim
Do destino? Perdoe-me, não sei"
Eu fiquei a olhá-lo, sereno
Na morbidez de seu rosto moreno
Um suspiro em seus lábios soprou
Na doce noite de meus sonhos de saudade
Lembrei-me, então, de sua mocidade
Que a morte, em silêncio, levou
Fica aqui um relato imperfeito
Os suspiros que arquejaram em seu peito
Das poesias de um menino aprendiz
Que cantou os seus cantos solitários
Sabiá pequeno e seus tantos cenários
Que a vida fez o que bem quis.
*Inspirada nas obras de Alvares de Azevedo.