De doido, basta eu...
De doido, basta eu...
Exalando sentimentos me persigo e proíbo-me de fazer indagações!...
Sou o curral onde a vaca prenha perdeu seu novilho.
O antídoto do soro da venenosa cascavel.
O túmulo aberto de todos os túmulos.
Os ossos avessos que brincaram nos quintais.
Punhais que deceparam sapateados.
Bolo untado com chamtily.
Um carretel desfiando versos...
Voo de cima para baixo, feito ribanceira,
Descendo a cotoveladas, num cai cai,
De descasco, descanso e devaneio.
Vespas, onde espinhos de amores, vou deixando, sonhos, rastros Segredos, morro acima e morro, morro, abaixo...
Sou muitos, múltiplos que sou e fui e flui feito chama incandescente,
De versos em palavras dúbias, abaianadas...
Um (Dorival Caymmi)!...moleque, malevolente...
Um recipiente onde não cabe água tóxica que jorra das minhas artérias,
Das narinas e veias que brotam sangue em conta gota
E se esgota no esgoto da vida.
Sou pedra consumida pelo mar da natureza
E natureza pela pedra consumida...
Ai de mim... ó vida..
Sou o que sou e isso é o que importa...
Digitando no teclado palavras mortas, dando-lhes vida...
Vida aparente...palavras dão-se vida...
E vida é feito lagarta ou borboleta
Antes de pousar na parede e ir-se para sempre...
Ou feito mariposa em volta da lâmpada!
Morrem n'alma...Anágua de moça, sassaricando entre as pernas...
Feito candieiro...Fogo aceso por tempo indeterminado!
Quanto tempo? Não sei! Ocaso...
O sol despede-se todos os dias e a lua repete o mesmo erro.
Estrelas brilham e não não mais exitem...
Ilusão de ótica.
Juntando palavras, sílaba por sílaba...talvez se tornem estrofes
E sofro, e sofres ao ler minhas decassílabas esquerdas
Do lado esquerdo do peito, onde tudo é infinito e tudo brota....
Meus jardins produzem a essência dos versos virgens que digito e
deleto,
Sem pensar na maturidade e macerando um bom vinho...
Precisa de uma boa safra.
Antes de ser uva, nas parreiras.
Depois pisoteá-las com os pés no caldeirão das fragrâncias
Aromas, sintomas e amores...
Escrevo antes das videiras serem uvas
Antes que caiam chuvas e ensopem os papéis em declínios
E pousem suavemente no chão.
Quero o sussurro de uma multidão em silêncio...
Odeio vozes: E nozes que ficam entre os dentes.
Silente: Sigo sozinho à procura do compasso
Como maestro regendo sinfonias
E as tias tricotando nas janelas.
Sou o contrário de tudo que fui um dia
E de tudo que queriam que eu fosse...
Sou um ser único e as vezes obsoleto!
Pago o preço? O preço está embutido no comboio que navego...
Onde terras áridas fecundam plantações.
Plantei nessa aridez...meus sentimentos, orações e corações...
Bebi água benta...Engoli Ostia...sedento por Fé...
Silêncios e solidões plantados na areia do deserto de mim mesmo.
Faca pontiaguda..sondando os sonares dos sertões
E nem um pingo de chuva cai, para saciar a sede dos meus remorsos e Conterrâneos...
Pego meu crânio e o espatifo na areia...
Sou sumo, zangão, colmeia
E ao mesmo tempo folha seca.
Seca...Nas profundidades do poço, onde água não existe
É necessário o hábito de economizar o que bastante seja...
E nesse instante de incerteza...desfaleço.
O cosmo é meu único amigo...
E é pra lá que vou, sem deixar endereço.
Eu? Tô correndo de gente doida...De doido, basta eu...
Tony Bahia.
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Eu, doida de pedra,
E sabes que não tenho cura...
Que faço se me "deletares"?
Tu, que és Poesia de vulcão e lava,
Poesia de cosmo e de buracos negros,
poesia de derramamento de céus em turbulência
Sobre mares que se abrem para colher tais céus...
Também penso, porque não dizê-lo
ai, queria Ter normais por perto,
mas nunca me foi possível.
Escrever é loucura,
Escrever e afirmar-se negando-se,
Extirpe maldita essa e já salva de antemão,
Antes de qualquer julgamento final.
A tua poesia, de Baco e de vinhos e alucinações
Lúcidas como certos atos de viver,
Como incerto atos de viver, como o amor.
Como dizer-te, como a tua Poesia ecoa, ressoa, sonambuliza,
Encantamento puro e impura de deuses pretéritos sempre-vivos.
A tua poesia é Potência, para ser sentida e engolida
Essencialmente, pelos loucos.
Ou pelos que tenham pelo menos fundíssima
Nostalgia da loucura
Que podemos vir a ter,
Se pudessem....se pudessem...
Querido louco Tony, amigo meu.
Zuleika dos Reis
...............Tens em minha poesia, o que em ti existe...............
....................................Espelho e reflexo!..........................
"Deus Salve os loucos e os poetas"!...
Tony Bahia