FUNÇÃO DO Recanto *

Recanto,

Lugar do decanto

Da gargalhada:

ALEGRIA EXTREMADA;

Do comovido pranto.

Caixa de ressonância

Da mais interior instância

Do humano ser,

O qual vem a ser

Nosso pessoal recôndito.

Celebramos

Fulgores

Ou choramos

Dores;

Narramos a contraditória

Diversidade

Da história

De nossa frágil, fragílima porção de humanidade,

O percurso de cada um

Como recorte

(do florescer à inevitável morte)

Em sua particular individualidade

Ou o itinerário da totalidade,

O conjunto,

A expressão da coletividade.

Nem sempre tem reflexo autobiográfico

O que escrevemos.

Não raramente nos fazemos

De porta-vozes

das alegrias

ou das dores

até das mais atrozes

De terceiras pessoas.

Pessoas

Conhecidas nossas ou não,

Por vezes, narrativas fantasiosas, emersas da pessoal inspiração.

Estas minhas escritas bobagens

Têm por fim chamar a atenção

Para generosa função

Que cada um pode exercer

Quando necessário vier a se fazer:

Um texto, ou simples palavra escrever,

Para um recantista que esteja a remoer

Dolorida aflição.

Estímulo, orientação,

Uma qualquer bobagem

Que pode nem trazer solução,

Constituindo mera bandagem

Para uma ferida que lhe esgarce o coração.

Mas convenhamos que o sofrer da dor decorrente

Da perda de querido ente

Pode fazer-se menos gemente

Se um consolo em palavra enfim se achegar.

Sabendo de recantista com sofrimento por morte ou grave doença

Abatendo pessoa de sua grande querença,

Posta uma letra, frase, pois hás de o mal maior atenuar.

*motivado por fato real ocorrido com uma recantista

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 28/08/2012
Reeditado em 03/09/2012
Código do texto: T3853385
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