Elegia ao Boto
Eu te amo.
E neste amor há tanta bondade,
Que submete-se a viver só de vontade.
Oh, meu bem, como te amo!
Mata-me aos poucos e fere-me a carne.
Revoltas meu peito e me deixas à margem.
Não me queres mal nem bem.
Queres-me apenas.
Como a onda vai, como o vento vem.
Como o poeta cogita o poema.
Mas não te importas se és paz ou tormento,
Pois és presença e ausência ao mesmo tempo.
Sacias teus olhos e teu ego,
E vai-te embora com o contentamento,
Que roubaste de meus versos
Ainda tão ingênuos e imaturos.
Mas eu amo...
Este mal que me fazes,
O frescor de tua face,
Estas mãos que me afagam,
Este beijo que me furta,
Os teus passos confusos,
Estes versos que me matam.
Eu amo, e não se explica.
De maneira imprecisa.
Quer seja tribulação ou paraíso.
Amo-te, e não há nenhum espanto nisso!
O que seria o amor senão,
Amar e querer bem a quem lhe trai?
E por este amor minha alegria se esvai
Pois não é impaciente nem egoísta.
Eu te amo, oh meu bem, sem pretensão.
Eu te amo e não se explica!