MÁSCARAS

Conheço bem a cara do Sol
Quando sem brilho
Escondido de tudo e todos
Por detrás de um morro ou de um sorriso
Morro do malogro do que quis
 
Conheço bem a face do Sol
Quando sem lume
Cabisbaixo
Apagando andar a andar
Piso sobre sombras embaçadas
Jorro de breu
Taciturno espectro
Do que não deu
 
Conheço bem a tez do Sol
Quando sem tez
Hão brilhado à volta dez mil astros
Sem ter o olho de encarar brilhos alheios
Poço de trevas profundas
Adormecido em sono agudo
Mudo
No fecho da escuridão do
Do próprio vulto
 
Conheço bem o invólucro do Sol
Quando na negação do arrebol
 
Conheço bem toda a desfaçatez
Do Sol luzindo lampejos ocultos
Tramas urdidas caem de uma vez
No chão da hipocrisia e dos insultos.
 
 
Conheço bem a máscara do Sol
 
Quando oculto.

 
Oldney Lopes©