sertão a sombra de uma voz II
Fui um retirante! Sou à sombra de uma voz...
Sou um lamento triste de uma canção!
Ecoando nestes secos tabuleiros.
Sertão sem vida e sem flores.
Só de pedras e espinhos,
Num galho seco e sem folhas...
Ela preparou o ninho...
Lá no meio da caatinga por onde passa um caminho.
Meus caminhos, meus caminhos estavam cobertos de cadáveres,
E moscas nas chagas.
Num mar de mortos onde não se navega a nem um lado!
Famílias de aves comendo lavas, enchendo as tripas com a morte.
Eu fui um grão infértil no qual o inferno, negou o solo arado!
Mais consegui fugir de diante da fome para uma cova rasa.
Desacreditado do meu pão... Puído de moscas!
Fervendo cascabulhos e macambira num balde de lata,
Minha mente se cobriu de terra! Poeira e garranchos.
Era preciso mesmo está sangrando daquele jeito para te porem o dedo na ferida.
A chuva nem ameaçava, no céu nem nuvens!
O ar não mudara! O ar que se respira de infortúnio.
Dançando no pátio ou deitado numa poça de lama a olhar para o céu.
O gado magro morrendo sem babugem no pasto.
Olhando para nem sei o que, talvez pardais escuros pairando alto sobre a carcaça viva.
Deitado num leito insano, Com os olhos empanados!
Ossadas bordando a lama rachada desses igapós.
Num poço seco meu olhar se afunda.
Voltei sou a poeira na qual me enterro com os olhos abertos para os céus.
Meu solo se apaga, não tem cores este ar bêbado da manhã lá fora.
Mugir, mugir, mugir...
E olhar os companheiros tombados.
Cadê meu sal, meu capim, meu xúcaio?
Por que soltaram o boi se nem tem pasto meu Deus?
Cadê meu curral?
Preciso voltar pra sentir o cheiro do capim verdinho moído na forrageira.
Tomar água pensa! Comer algodão.
O lamento esta de pé!
Os cercados vazios, as casas vazias na localidade.
Tabuleiros garranchosos nem lagrimas tem pra chorar!