Apenas Saudade

Hoje quis chegar cedo em casa,

tirar a camisa e ficar andando descalço pelo quintal.

Admirando a lua, acompanhado apenas das palavras silenciadas

como um poeta triste e sem sono.

Um cigarro bem prensado nos dedos,

vinho gelado e seco.

Lembro dos teus olhos, do teu cheiro,

dos lábios finos, e do beijo doce,

do teu olhar inquieto e curioso.

Lembro das tuas mãos trêmulas,

da pele riscada por acidentes de moto,

e tatuagens sem sentido.

Me recordo de cada gesto suave,

e de todas as palavras que me feriram tanto.

O resumo de tudo; se emaranha com a enorme falta que sinto e,

claro; com a vontade de te ter de novo comigo.

De repente, quem sabe, tudo isso seja apenas saudade,

dessas que a gente sabe que passa.

Ih, caramba... Será que passa?

A lua está incrível, especialmente linda,

a danada hoje tá mesmo toda ‘amostrada’.

Às vezes acho que ela fica procurando a nossa história;

perdida por dentro de casa, em gavetas empoeiradas.

Na medida que vou recordando alguns fragmentos,

fico baixinho contando e recontando pra ela.

Ela, quem?… Hum! A lua pô!

Que não para de rir disso tudo,

mas sem fazer pouco caso, sem desdenhar,

não acha nada ridículo,

nem piegas, tampouco absurdo.

Afinal ela é a lua, apenas ouve e aceita.

E quanto a mim,

escravo de ti,

escrevo por ti e para ti.

Poeticamente posso me permitir

a ficar assim,

a amar assim,

em desperdício.

É, talvés tudo isso seja mesmo apenas saudade.

Apenas saudade ( Hélder Nóbrega)

Hélder Nóbrega Cor
Enviado por Hélder Nóbrega Cor em 27/08/2012
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