O Deus da Cruz
Sempiterno abalo de culpa e medo!
Oásis de tédio em deserto de terror!
Viestes vos transformar em frio rochedo?
Que há de atraente na lápide em cruz do horror?
Ajoelhados em vosso escuro ádito,
Enervais com o vinho do poder vossos exegetas.
" - Ó eternais pecadores de culpado hálito,
Não vis o Inferno reservado aos poetas?"
E após verificar as brasas que vosso senhorio vos reserva,
"Misericórdia!", implorarão ajoelhados.
Para depois procurar consolo nos opiáceos do antro das ervas
Vossa miragem torna vossos sermões mais adorados?
O hierofante corrompido, finório acólito da palavra aflitiva,
A declamar em latim e a partir a hóstia!
E no entanto, mantém a loja de indulgências sempre ativa
Vosso senhorio do meu não gosta!
Olhos fixos à cruz e ao Inferno que vos espera,
Templo a brilhar com malícia que pressaga
A tormenta que ireis enfrentar, inesgotável quimera.
Vosso sacrifício amacia semelhante praga?
E ao implorar por misericórdia, fitais com atenção
As Bruxas a caçar com Diana, murmurando sortilégios.
Assim como faziam os Ancestrais de vossa nação
Antes que a culpa e o medo alcançassem suas graças e privilégios.
Nota: Não fiz essa poesia para ofender os católicos, ok? É sobre a ICAR medieval. Escrevi enquanto relia As Brumas de Avalon.