O Deus da Cruz

Sempiterno abalo de culpa e medo!

Oásis de tédio em deserto de terror!

Viestes vos transformar em frio rochedo?

Que há de atraente na lápide em cruz do horror?

Ajoelhados em vosso escuro ádito,

Enervais com o vinho do poder vossos exegetas.

" - Ó eternais pecadores de culpado hálito,

Não vis o Inferno reservado aos poetas?"

E após verificar as brasas que vosso senhorio vos reserva,

"Misericórdia!", implorarão ajoelhados.

Para depois procurar consolo nos opiáceos do antro das ervas

Vossa miragem torna vossos sermões mais adorados?

O hierofante corrompido, finório acólito da palavra aflitiva,

A declamar em latim e a partir a hóstia!

E no entanto, mantém a loja de indulgências sempre ativa

Vosso senhorio do meu não gosta!

Olhos fixos à cruz e ao Inferno que vos espera,

Templo a brilhar com malícia que pressaga

A tormenta que ireis enfrentar, inesgotável quimera.

Vosso sacrifício amacia semelhante praga?

E ao implorar por misericórdia, fitais com atenção

As Bruxas a caçar com Diana, murmurando sortilégios.

Assim como faziam os Ancestrais de vossa nação

Antes que a culpa e o medo alcançassem suas graças e privilégios.

Nota: Não fiz essa poesia para ofender os católicos, ok? É sobre a ICAR medieval. Escrevi enquanto relia As Brumas de Avalon.

Venus Aversa
Enviado por Venus Aversa em 26/08/2012
Reeditado em 31/08/2012
Código do texto: T3850158
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