RESGATE AO TEMPO

Tempo, tempo,
acomodado na gota de orvalho
suspensa na folha de laranjeira,
te contemplo e te peço:
resgata-me ao começo
e me devolve minha vida.

Permita que eu escolha,
entre tantos momentos,
a paz companheira
no lugar da dor repartida;
o olhar doce que dispensa
o gesto rude da despedida;
a verdade do ato falho
superando a franqueza da mentira;
me tira da inocência
da infância impotente
e do adulto demente.

Deixa que o exemplo,
ainda que num susto desmedido,
abafe a impotência tola
da adolescência desiludida;
que os sonhos signifiquem mais
do que o desejo programado
no protótipo da alma prisioneira.

Que a tesão deságue no amor
e no aconchego do corpo saciado
pela ternura do abraço;
que eu possa pemanecer na alma
da mulher amada como um sentido
sutil, permanente, sub-consciente
e que me faça feliz,
ainda que descrente.

Tempo, tempo,
deixe o relógio andar em calma
e devolve minha vida.

Quero ser feliz de novo.
 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 26/08/2012
Reeditado em 18/02/2013
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