NA LAMA EM WOODSTOCK

Como um raio percorrendo o tempo

Ouço os trovões do passado

Sussurrando aos meus ouvidos.

Estou nos arredores das antigas canções

Escalando de Santa Tereza a Santa Cruz,

Do circo voador ao teatro distante

Quando o poeta usava giz

Para desenhar círculos nas ruas

E lá sentar e questionar o mundo.

Leio as velhas retrospectivas de sempre

E percebo mudança somente no cabelo.

Não há mais lama em Woodstock

Desde o silêncio da última guitarra

A terra seca é espelho da nossa idade

A poeira nos sapatos é o mapa

De todos os lugares por onde andamos

Ou fomos levados pelas músicas

Da serpente da caatinga ao Bob Dylan do sertão.

Meu irmão, trago uma rosa para o teu jardim

Para compor o cenário poético da vida.

O astronauta não é um simples militar

É alguém que passeia pelas esquinas do universo

Tocando os corações sensíveis

Com a ponta da sua eterna esferográfica.

Não há mais lama em Woodstock

Na verdade nem Woodstock há mais

A chuva foi embora com a juventude

Mas deixou a lâmpada da poesia acesa

Para que não haja ausência de luz.

No palco as bailarinas continuam dançando

Os músicos afinam seus instrumentos

Tocam canções pulsantes

O público começa a chegar, inclusive Tito Leão.

Temos que voltar à Terra,

Compor canções novas

Enfim, simplesmente viver .

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 26/08/2012
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