NA LAMA EM WOODSTOCK
Como um raio percorrendo o tempo
Ouço os trovões do passado
Sussurrando aos meus ouvidos.
Estou nos arredores das antigas canções
Escalando de Santa Tereza a Santa Cruz,
Do circo voador ao teatro distante
Quando o poeta usava giz
Para desenhar círculos nas ruas
E lá sentar e questionar o mundo.
Leio as velhas retrospectivas de sempre
E percebo mudança somente no cabelo.
Não há mais lama em Woodstock
Desde o silêncio da última guitarra
A terra seca é espelho da nossa idade
A poeira nos sapatos é o mapa
De todos os lugares por onde andamos
Ou fomos levados pelas músicas
Da serpente da caatinga ao Bob Dylan do sertão.
Meu irmão, trago uma rosa para o teu jardim
Para compor o cenário poético da vida.
O astronauta não é um simples militar
É alguém que passeia pelas esquinas do universo
Tocando os corações sensíveis
Com a ponta da sua eterna esferográfica.
Não há mais lama em Woodstock
Na verdade nem Woodstock há mais
A chuva foi embora com a juventude
Mas deixou a lâmpada da poesia acesa
Para que não haja ausência de luz.
No palco as bailarinas continuam dançando
Os músicos afinam seus instrumentos
Tocam canções pulsantes
O público começa a chegar, inclusive Tito Leão.
Temos que voltar à Terra,
Compor canções novas
Enfim, simplesmente viver .