POEMA PARA QUEM NÃO CONHEÇO
Quando a vi foi como uma explosão
Um vulcão acordando depois de dormir a extinção
Um jardim espreguiçando no colo de um beija-flor
Um oceano poetizando a lua.
Não sei em que rua você mora
Para onde viaja nas férias
Qual sua comida preferida
A cor de que você gosta
A música que traz lembranças
O filme que a emociona.
Seus lindos olhos são a porta para todo esse mistério
O fogo que acende na tempestade
A luz que me trouxe até aqui
Sem motivos aparentes
Que justifique esse platonismo
Sem querer, meio sem sentido.
Quando a vi tive a sensação
De estar sentado ao lado de Neruda
Sentado em uma varanda em Santiago
Ouvindo-o contar de seus amores.
É como estar bebendo vinho
Admirando um Portinari.
É como dançar valsa
Tocada por uma orquestra de Bachs.
Digo isso encabulado
Pois não sei o que você pode vir a pensar
Mas aceite esse poema
Nem que seja pelo bem da literatura.