HORMÔNIOS

Quando ouço tua voz

meus hormônios, parecem

gritarem por nós,

agitam-se, florescem,

desabrocham na pele, sedentos,

o sangue em ebulição,

e o desejo antes indolente, ocioso,

reativa-se na corrente, furioso

em aflitiva aflição,

desesperado,

desnorteado,

diante desta suave fala,

agora nada se contém,

o corpo não cala,

ninguém o detém,

e quando tua voz perpassa

pelos meus sentidos, perco a noção,

e assim, lépido, ágil,

o timbre vibra, golpeia com graça,

não ouve meu reclamo,

esboroa-se minha defesa, já frágil

quando ouço baixinho:

"meu amor, te amo ..."

Andrade Jorge

(direitos autorais registrados)

21/10/2004