Crime poético***O atirador de facas*** e outros

***Republicação sugerida pelo poeta Hermílio Pinheiro.

CRIME POÉTICO

Pressionei a tecla recuar

E saí matando o verso

Ele me olhava

Impotente

Humilhado

Sem ar

O ATIRADOR DE FACAS

Equilibrada em sua malha vermelha

Aparecia-lhe em sonhos

A mulher amada

Desfechava-lhe golpes

Certeiros

À mão cheia

De rosas

ENQUANTO DORMEM POETAS

O sono rouba os melhores versos

E enquanto dormem poetas

O sono, acordado, perambula

No reino das coisas desconhecidas

O VERSO DA MADRUGADA

Espero nascer

O verso da madrugada

Verso dos versos

Respinga na retina

Orvalhada