AGORA, SIM: EX-AMADA
É de boa norma informar
Que na madrugada recente
Um anjo-mulher recomposto
Propôs-se: a mim se enlaçar
E, irresistivelmente,
O que era teu posto,
Ela agora ocupar.
Não tem preço a cobrar,
Exceto que as carnes suas,
Estando encobertas ou nuas
Sejam por mim desfrutadas,
Cabendo-me a contrapartida
De em volúpia desinibida
Deixar-lhe recompensadas
As corporais profundezas.
Estou mais que tentado
A dar por aceito o ofertado.
Em tempo: disse-lhe o SIM com prestezas.
Fostes demais arrogante,
Mui auto-confiante,
Tratando-me com invariável desdém.
Aos meus apelos te fizestes de surda,
Vezes muitas fingistes de muda
Comigo nunca indo além
De ter-me a mim como objeto
Para carnais prazeres teus
Sem nunca suprires os meus
Anseios de algum afeto.
Dando-se por satisfeita
De teu lado nunca tive aceita
Demanda minha qualquer
De te sentir a mulher
Que ao homem se entrega por algum prazer
De com ele estar e somente com ele fazer
Tudo quanto for de íntimo agrado.