O luto no sertão

O luto no sertão

João Cabral de Melo Neto

Pelo sertão não se tem como

não se viver sempre enlutado;

lá o luto não é de vestir,

é de nascer com, luto nato.

Sobe de dentro, tinge a pele

de um fosco fulo: é quase raça;

luto levado toda a vida

e que a vida empoeira e desgasta.

E mesmo o urubu que ali exerce,

negro tão puro noutras praças,

quando no sertão usa a batina

negra-fouveiro, pardavasca.

Homenagem ao grande poeta pernambucano, gratidão eterna por esse maravilhoso poema.

Maria do Carmo Fraga(MarianaMendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga(MarianaMendes) em 24/08/2012
Reeditado em 24/08/2012
Código do texto: T3846671
Classificação de conteúdo: seguro