O pior da vida já passou em caravana solene
E se foi para um sempre que nem imaginamos.
O pior da vida foi um sempre que sempre passa
E ainda que devaste, deixa semente do amanhã.
O pior já passou, os abismos ficaram para trás,
Resta caminhar com esta tão absurda vontade,
Com esta coragem inimaginável ainda tentar,
Com esta certeza mais indecifrável ainda crer,
Que da vida com a vida o pior sempre vai passar.

Nascemos. E é por isso mesmo que vivemos.
E renascemos. É por isso que insistimos...

Deixemos de fantasia, pois tudo é real
Até o que fantasiamos pode ser e acontecer.
Imaginamos e de repente tudo é,
Esquecemos e tudo deixa de ser.
Sobramos nós, entre o ser e o imaginar.

Há que se ter ousadia para este caminhar,
Quando o destino nada vier nos prometer.
Há que se olhar a morte de perto, dentro dos olhos.
E ainda assim achar tão fantástico viver.
Dorme tuas noites, vive teus dias de sol,
Cante na chuva, dance na lama, vive e ama,
Chora teu pranto, entoa teu canto, ri de ti mesmo
E contigo mesmo carregue só o que vale a pena.

Porque morremos. É por isso que existimos.
E não duramos. É por isso que vale mais a pena...

Fica pouco de tudo na saudade como um castigo.
E toda lembrança traz uma paz tão pequena,
Fica um pouco de tudo que nunca trazes contigo.
E não ter nada traz uma paz assim tão serena.
A vida chove e sempre estamos sem abrigo
E nos molha a vida com esta dor tão serena.

De viver, de não saber, de não entender
De não esquecer nunca o que vale a pena
A dor de nunca poder viver sem doer,
A vida, esta história tão bela e tão pequena,
A vida essa mesma que temos que viver,
Que parece tão eterna, mas é tão efêmera.

A vida, que se olharmos, passa rápido demais.
Mas que se me fosse dado, eu queria ainda mais...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 24/08/2012
Reeditado em 06/05/2021
Código do texto: T3846519
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