LUA CHEIA


(esta Poesia participou de um concurso literário da Bigtime editora e foi escolhida para compor uma antologia. O livro sairá no próximo mês.)

O luar aparece e desce,
espalhando-se sobre os telhados das casas,
repousando sobre as copas das árvores
e clareando as vielas arborizadas.
 
Seus raios argênteos deslizam
pelas paredes e muros e lavam as pedras das ruas,
que estremecem de prazer e empalidecem
com o banho de luz prateada.
 
Na janela sobre o jardim,
sentindo ainda o perfume do jasmim,
já agora misturado ao da dama da noite do quintal vizinho,
olho, extasiada,  a rua enluarada.
 
Perpassa meus tímpanos o piar da coruja,
trazido pela leve aragem que me balança os cabelos.
No tapete prateado passa,
a passos lentos, sonolentos, a pobre mendiga.
 
Suja, louca, com voz rouca
fala coisas sem nexo,
lembrando, talvez, doce amplexo
de tempos perdidos, que já não há mais.
 
Do outro lado da rua,
uma casa com luzes acesas,
denuncia insones, como eu,
ou sonolentos velando enfermos.
 
O gato noturno vadio corre e esbarra na lata caída,
que rola fazendo alarido.
O ruído me arranca do sonho desperto.
Despeço-me da lua e volto a dormir.
 
Primavera Azul
Enviado por Primavera Azul em 23/08/2012
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