ESFERA
Toda a alfaiataria é feita para o mal,
e todo pai, feito para o pranto do filho,
quando seus passos coreografados, pesados,
passam a confirmar a utilidade da morte.
Somente os tijolos entendem os gritos.
Toda elipse tem trajetória exótica.
Toda órbita, excêntrica e interminável,
espera o fim da expansão da ignorância.
Apenas um rochedo, colidindo no espaço
com a matéria escura e a esperança cega,
não detem a primazia do destino desgraçado.
Por que você ainda não se viu em minha mente?
Uma circuncisão, uma arma, um escafandro.
Para eliminar a vida de minhas mãos,
para esconder meu pai de meu julgamento,
para nunca mais projetar o firmamento.
Nada é tão bonito do lado de cá.
A voz é mais silêncio que canto,
e eu não falo, eu espanco.