ESFERA









 

Toda a alfaiataria é feita para o mal,
e todo pai, feito para o pranto do filho,
quando seus passos coreografados, pesados,
passam a confirmar a utilidade da morte.
Somente os tijolos entendem os gritos.

Toda elipse tem trajetória exótica.
Toda órbita, excêntrica e interminável,
espera o fim da expansão da ignorância.
Apenas um rochedo, colidindo no espaço
com a matéria escura e a esperança cega,
não detem a primazia do destino desgraçado.

Por que você ainda não se viu em minha mente?


Uma circuncisão, uma arma, um escafandro.
Para eliminar a vida de minhas mãos,
para esconder meu pai de meu julgamento,
para nunca mais projetar o firmamento.

Nada é tão bonito do lado de cá.
A voz é mais silêncio que canto,
e eu não falo, eu espanco.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/08/2012
Reeditado em 24/10/2012
Código do texto: T3842341
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