A SENHA
Pois, anote longe dos olhos terceiros,
tem vogais, consoantes e cavernas,
a minha senha, meu incompleto DNA,
minhas digitais, camuflada, tem a letra "A".
Nos dígitos só números inteiros,
tem vontade escondida a reencontrar,
tem perversa, a saudade a decifrar,
tem um soneto perdido no livro antigo.
Minha senha tem malditos sinais divinos,
parte do número da besta ou de salmo,
minha imagem em fúria ou um eu calmo,
segredo deprimido, mentira e tortura.
Então, com um código secreto ou cordel,
os sinais indecifráveis da minha literatura,
esperam pela santa ou mulher de bordel,
libertarem das sombras, o meu esboço.