Morte...

Quando a morte se avizinha

e a angústia ganha espaço,

a lágrima na face caminha

e a cerviz dobra-se, por cansaço...

Ver partir quem se conhece,

quem se ama ou se admira...

É saga que enlouquece!

É dor que contra nós conspira...

Malditos são os dias da morte,

desgraçado ritual que nos magoa...

Azedo fel que provoca desnorte

e nauseia, até que a alma nos doa...

Surda impotência tremenda!

Pequenez ingloriamente assumida...

Misteriosa, sem que ninguém a entenda,

a morte chega para darmos valor à vida...

Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 21/08/2012
Reeditado em 17/02/2021
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