O cotidiano transforma horas vagas em deveres.
Na longa marginal, suor, olhar alheio, marcha lenta...
Abro o porta-luvas, nele um Quintana me orienta: -“A vida é uma tarefa que levo para fazer em casa."
Sigo reto, reduzo, vejo luzes... Entre mil afazeres.
Desprendo-me do silêncio emanando pelos cruzamentos.
Desse modo, quando em mim revejo o passado em asas.
Quando menino planejei vôos altos, encantamento.
A cada esquina, um filho parido abre os olhos...
Nas mãos humildes há alegria, numa moeda como esmola.
O rush é um suplício, peso nos ombros, cansaço.
Coço os olhos, fome, rotina, cansaço. Esse engarrafamento...
Ouço o que a vida tinha me reservado para às seis da tarde
Lá fora, as pessoas movem-se em busca do prazer.
Insistente, você liga e diz o que está pra acontecer.
Eu não entendo o que você tenta dizer, exatamente.
Somente ouço: - Nossa filha irá nascer!
Posso não entender o mundo, a vida,
o destino sobretudo. Posso não ser um deus. Mas, a escuto como letra de música,
E sinto no sangue um turbilhão de vida, renovar-se agora. Tão pleno e explicito, que levarei essa alegria pela vida afora.
(Homenagem ao poeta Márcio Medeiros, (Lou James), co-autor desta obra, que em breve será pai.)