O cão, a porta e o sino
O cão, a porta e o sino.
É triste ser poeta
E ter apenas a companhia
Da cadeira velha
A escada fria
A porta!
E o que há depois da porta?
Há parede, há grades
O cão que ladra – preso
E fala mais alto que o poeta
E o cão é poeta porque se faz ouvir
E os dois comem as sobras dos homens
De seus banquetes, de suas orgias filosóficas
De suas vidas atravancada de sonhos míseros
É tão triste ser um poeta calado
Ter tantos santos libertadores pensamentos
E ainda assim, o sino na catedral
soar mais alto que sua voz nessa noite.
Cristhina Rangel.