CANTO 74
Amador Filho.
Na hora do meio dia, quando o sol estava no zênite,seus
raios incidiam verticalmente sobre a caatinga, arrancando-
lhe esverdeadas e irisadas cintilações.
A brisa repentinamente parou e espocou sufocante calor. À medida que as horas iam passando a atmosfera tornava-se eletrizada, rarefeita. Nem a mais suave aragem, balançou a copa das ár-
vores.
Subitamente, onde as concentrações atmosféricas apre-
sentavam-se mais espessas, ziguezagueou uma fita elétrica de finíssimo e lívido fulgor, seguindo-se-lhe o estrondar
ensurdecedor do trovão. Desencadeou-se concomitantemente tempestuosa ventania que precedeu a violenta chuva.
Após breve tempo de precipitação, o véu etéreo pareceu
incendiar-se, evaporando-se em cintilações fulgurantes, e o sol apareceu, altivo e formoso, como que emergindo do li-
quido elemento.
Do esmeralda marinho da caatinga, brotaram lampejos deslumbrantes,como se naquele momento a própria Vênus
sacudisse o manto de esmeraldas, recamado de facetados diamantes multicores.
Esta explosão de luz maravilhosa, esta apoteose de es-
plendidos efeitos são as ânforas por onde o SUPREMO de-
monstra ao insignificante ser humano a gigantesca força do
seu imensurável PODER!