CANTO 74

Amador Filho.

Na hora do meio dia, quando o sol estava no zênite,seus

raios incidiam verticalmente sobre a caatinga, arrancando-

lhe esverdeadas e irisadas cintilações.

A brisa repentinamente parou e espocou sufocante calor. À medida que as horas iam passando a atmosfera tornava-se eletrizada, rarefeita. Nem a mais suave aragem, balançou a copa das ár-

vores.

Subitamente, onde as concentrações atmosféricas apre-

sentavam-se mais espessas, ziguezagueou uma fita elétrica de finíssimo e lívido fulgor, seguindo-se-lhe o estrondar

ensurdecedor do trovão. Desencadeou-se concomitantemente tempestuosa ventania que precedeu a violenta chuva.

Após breve tempo de precipitação, o véu etéreo pareceu

incendiar-se, evaporando-se em cintilações fulgurantes, e o sol apareceu, altivo e formoso, como que emergindo do li-

quido elemento.

Do esmeralda marinho da caatinga, brotaram lampejos deslumbrantes,como se naquele momento a própria Vênus

sacudisse o manto de esmeraldas, recamado de facetados diamantes multicores.

Esta explosão de luz maravilhosa, esta apoteose de es-

plendidos efeitos são as ânforas por onde o SUPREMO de-

monstra ao insignificante ser humano a gigantesca força do

seu imensurável PODER!

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 17/08/2012
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